Aprendes... Bom ano de 2013

autor: Nuno Garção

"Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoiares-te, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aprender que beijos não são contratos e presentes, não são promessas. E começas a aceitar as tuas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprendes a construir todas as tuas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em vão.

Depois de um tempo aprendes que o sol queima se ficares exposto por muito tempo. E aprendes que não importa o quanto te importas, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceitas que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e tu precisas perdoá-la por isso. Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobres que se levam anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás para o resto da vida.
Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que tu tens na vida, mas quem tens na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

Aprendes que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebes que o teu melhor amigo e tu podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobres que as pessoas com quem mais te importas na vida são tiradas de ti muito depressa - por isso, devemos sempre deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a ultima vez que as vejamos.

Aprendes que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começas a aprender que não te deves comparar com os outros, mas com o melhor que podes ser. Descobres que se leva muito tempo para te tornares a pessoa que queres ser, e que o tempo é curto.

Aprendes que não importa onde já chegaste, mas para onde estás a ir, mas se tu não sabes para onde estás a ir, qualquer lugar serve.

Aprendes que, ou tu controlas os teus actos ou eles te controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprendes que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências.

Aprendes que paciência requer muita prática. Descobres que algumas vezes, a pessoa que esperas que dê um pontapé quando cais, é uma das poucas que te ajudam a levantar.

Aprendes que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tiveste e o que aprendeste com elas, do que com quantos aniversários celebraste.

Aprendes que há mais dos teus pais em ti do que supunhas.

Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobres que só porque alguém não te ama da maneiras que queres que ame, não significa que esse alguém não te ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo.

Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, serás em algum momento condenado.

Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes.

Aprendes que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga flores.

E aprendes que realmente podes suportar... que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensares que não podes mais. E que realmente a vida tem valor e que tu tens valor diante da vida!"


Sentir...



Um dos maiores problemas com que se confronta cada um de nós é, parece-me, uma total falta de intensidade no sentir. Temos uma certa agitação emocional constante em relação ao que se deve ou não fazer, ao objetivo ou fim que se pretende atingir, ao material que se sonha ter ou possuir… Entusiasmamo-nos com coisas que, na realidade, não têm qualquer valor e importância.
Geralmente, temos mentes muito superficiais – mentes limitadas, estreitas, muito pouco analíticas, presas a uma rotina fútil – que vão funcionando sem problemas, a não ser que aconteça algo profundamente trágico e que muda consideravelmente tudo aquilo que temos como certo.
E assim desprezamos a verdadeira, humana e inata intensidade do sentir. O sentir de quem gostamos, o sentir a família como única e certa, o sentir a criança que nos olha com admiração e brilho da esperança, o sentir que a partilha e a honestidade liberta... Esta paixão a que me refiro não é coisa que se possa cultivar facilmente, tomando determinada droga, ficando hipnotizado... é um estado de ser, que vem naturalmente do interior e é ele que realmente enche a vida de amor e fraternidade.
Desejo a todos os meus grandes amigos um FELIZ NATAL e um BOM ANO DE 2013
Nuno Garção

(inspirado num texto que li e que desconheço o autor)

O melhor presente

O melhor presente é aquele que é interior!
Muito a propósito, numa época de crise (financeira e de afetos).
Nuno Garção

"before i could learn whose twin i was"



"the wind shook the kiss from your mouth 
before i could learn whose twin i was 
your face familiar like a light in the water 
just your touch could cure my lonesome blood 
you let go of everything you had 
and everything got left here waiting for what comes next 
the state of things is tied to me 
and i've been careless i think too much 
i want to lie still near you i want to 
the wind shook the kiss from your mouth 
before i could learn whose twin i was"

...sonhos...


Há alturas que o destino nos parece arrancar os nossos sonhos e levá-los para bem longe de nós.
Nuno Garção

Fragmentos do passado



Seremos sábios quando soubermos usar os fragmentos do passado para
nos ajudar a construir o futuro.
Nuno Garção

coragem

"Coragem não é ter força para continuar, mas continuar mesmo não tendo força e principalmente nunca deixar de acreditar, de acreditar em algo de bom!"

Lá fora chove

Ouço um tilintar na minha janela.
É a chuva que bate!
Bate como quem pede para entrar
Na harmonia do Outono,
Avisando que atrás dela vem o frio.

Fico a olhar para o cinzento escuro do céu.
É a chuva em traços!
Traços oblíquos pintados por milhares de gotinhas
Que caem agrupadas num contínuo sem fim,
Mantendo o paralelismo na queda.

Abro a janela para receber esta visita.
É a chuva que canta!
Canta nos telhados zincados e nas folhas castanhas das árvores,
e do chão surge o perfume que invade a atmosfera,
com um cheiro forte a terra molhada.

Sinto a frescura da chuva que cai.
É a chuva que me acaricia a face!
Cai agora numa mancha compacta,
Que tira a cor ao cenário da minha janela
E avisa duas velhotas que devem correr para casa.

É a chuva que chega... E frio virá depois.

Nuno Garção

O difícil é continuar...

"Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda. Chega-se sempre à primeira frase, ao primeiro número da revista, ao primeiro mês de amor. Cada começo é uma mudança e o coração humano vicia-se em mudar. Vicia-se na novidade do arranque, do início, da inauguração, da primeira linha da página branca, da luz e do barulho das portas a abrir. 

Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda. Por isso respeito 
cada vez menos estas actividades. Aprendi que o mais natural é criar e o mais difícil de tudo é continuar. A actividade que eu mais amo e respeito é a actividade de manter. (...)

Criadores não nos faltam. Faltam-nos continuadores. Faltam-nos tenentes. Heróis não nos faltam. Faltam-nos guardiões.

É como no amor. A manutenção do amor exige um cuidado maior. Qualquer palerma se apaixona, mas é preciso paciência para fazer perdurar uma paixão. O esforço de fazer continuar no tempo coisas que se julgam boas - sejam amores ou tradições, monumentos ou amizades - é o que distingue os seres humanos. O nascimento e a morte não têm valor - são os fados da animalidade. Procriar é bestial. O que é lindo é educar.
(...)

Percebo hoje a razão por que Auden disse que qualquer casamento duradoiro é mais apaixonante do que a mais acesa das paixões. Guardar é um trabalho custoso. As coisas têm uma tendência horrível para morrer. Salva-las desse destino é a coisas mais bonita que se pode fazer. Haverá verbo mais bonito do que 'salvaguardar'? É mais fácil uma pessoa bater com a porta, zangar-se e ir embora. O que é difícil é ficar. Isto ensinou-me o amor da minha vida, rapariga de esquerda, a mim, rapaz conservador. É por esta e por outras que eu lhe dedico este livro, que escrevi à sombra dela.

Preservar é defender a alma do ataque da matéria e da animalidade. Deixadas sozinhas, as coisas amarelecem, apodrecem e morrem. Não há nada mais fácil do que esquecer o que já não existe. Começar do zero, ao contrário do que sempre pretenderam todos os revolucionários do mundo, é gratuito. Faz com que não seja preciso estudar, aprender, respeitar, absorver, continuar. Criar é fácil. As obras de arte criam-se como galinhas. O difícil é continuar. (...)" 

(M. E. Cardoso)

Poema do silêncio


























Sim, foi por mim que gritei,
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que eu não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
Que ergui mais alto o meu grito,
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de vícios e grandezas,
Foi a razão das épi-trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Alevantei com ironia, sonho, e fumo...

O que eu buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febre de Mais, ânsias de Altura e Abismo
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

E só por me ter vedado
Sair deste meu ser pequeno e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano,
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés abro o meu seio:
Procurei fugir de mim,
Mas eu bem sei que sou o meu único fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir,
Sofro por ter prazer em me acusar e em me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu - sou eu chegado à perfeição...)
Senhor! dá-me o poder de estar calado,
Imóvel, manietado, iluminado!

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que eu levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Também sei bem que embora trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Que a própria dor
De compreender como é supremamente egoísta
A minha máxima conquista!

Senhor! que nunca mais meus versos sôfregos e impuros
Me rasguem, e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida:
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome!

     José Régio, Presença n.º4

Os livros...

Adoro livros com frases que nos fazem pensar e nos deixam no limbo sem resposta e atormentados com o facto de ainda nos estarmos a descobrir...

Porque a vida não é mais do que a nossa descoberta, da aprendizagem em relação ao que é significativo para cada um de nós, os sonhos, as experiências, as dádivas, o conhecimento que adquirimos com os outros e com a nossa vivência e o que fazemos com isso no sentido de sermos cada vez mais nós e coerentes com o nosso interior e destino. 


Nuno Garção

Paixão

Pensas também que o significado da vida não seja outro senão a paixão, que um dia invade o nosso coração, a nossa alma e o nosso corpo, e depois arde para sempre, até à morte? Aconteça o que acontecer? E que se nós vivemos essa paixão, talvez não tenhamos vivido em vão? E talvez não se dirija a uma pessoa em concreto, mas apenas ao desejo mesmo?... essa é a pergunta. Ou dirige-se a uma pessoa em concreto, desde sempre e para sempre à única e mesma pessoa misteriosa, que pode ser boa ou má, mas cujas acções e qualidades não influenciam a intensidade da paixão que nos une a ela?

(«As velas ardem até ao fim» - Sándor Márai)

Present

“Yesterday is history, tomorrow is a mystery, but today is a gift. That is why it is called the present.”

Porque ...

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

A beleza das coisas

"Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!"

Alberto Caeiro

Palavras perdidas

"Palavras que disseste e já não dizes, 
palavras como um sol que me queimava, 
olhos loucos de um vento que soprava 
em olhos que eram meus, e mais felizes. 

Palavras que disseste e que diziam
segredos que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas, murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.

Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres, mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido...

Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
— que são minhas, só minhas, pois persistem
na memória que arrasto pelas ruas."

Pedro Tamen

Reflexão sobre a amizade


"Para o meu pai, a palavra «amizade» significava exatamente o mesmo que honra. [...] Deixa-me dizer-te que, para mim, talvez significasse ainda mais. [...]
Era bom saber se existe amizade realmente? Não me refiro àquele prazer ocasional que faz com que duas pessoas fiquem contentes porque se encontraram, porque num determinado período das suas vidas pensavam da mesma maneira sobre certas questões, porque os seus gostos são semelhantes e os seus passatempos iguais. Nada disso é amizade. Às vezes, chego a pensar que essa é a relação mais forte na vida... talvez por isso seja tão rara. E o que há no seu fundo? Simpatia? É uma palavra imprópria, sem sentido, o seu conteúdo não pode ser suficientemente forte para que duas pessoas intervenham em defesa um do outro nas situações mais críticas da vida... apenas por simpatia? Talvez seja outra coisa?... Talvez exista uma pitada de Eros no fundo de todas as relações humanas? Aqui, na solidão e na floresta, enquanto tentava perceber todas as questões da vida, visto que não tinha outra coisa para fazer, por vezes pensei nisso. [...]
A amizade é a relação humana mais nobre que pode haver entre os seres vivos humanos. É curioso, os animais conhecem-na também. Existe amizade, altruísmo, solidariedade entre os animais. [...] Os seres vivos organizam-se para prestar ajuda mútua... às vezes, têm dificuldades em ultrapassar os obstáculos que enfrentam nas suas intervenções de auxílio, mas sempre há criaturas fortes, prontas a ajudar, em todas as comunidades vivas. Encontrei centenas de exemplos disso no mundo animal. Entre pessoas vi menos exemplos... [...] As simpatias que vi nascer entre pessoas diante dos meus olhos, acabaram sempre por se afogar nos pântanos do egoísmo e da vaidade. A camaradagem, o companheirismo, às vezes parecem amizade. Os interesses comuns por vezes criam situações humanas que são semelhantes à amizade. E as pessoas também fogem da solidão, entrando em todo o tipo de intimidades de que, da maior parte das vezes, se arrependem, mas durante algum tempo podem estar convencidas que essa intimidade é uma espécie de amizade. Naturalmente, nesses casos, não se trata de verdadeira amizade. Uma pessoa imagina que a amizade é um serviço. O amigo, assim como o(a) namorado(a), não espera recompensa pelos seus sentimentos. Não quer contrapartidas, não considera a pessoa que escolheu para ser seu amigo como uma criatura irreal, conhece os seus defeitos e assim o aceita, com todas as suas consequências. Isso seria o ideal. E na verdade, vale a pena viver, ser homem, sem esse ideal? E se um amigo falha, porque não é um verdadeiro amigo, podemos acusá-lo, culpando o seu carácter, a sua fraqueza? Quanto vale aquela amizade em que só amamos o outro pela sua virtude, fidelidade ou perseverança? Quanto vale qualquer afeto que espera recompensa? Não seria nosso dever aceitar o amigo infiel da mesma maneira que o amigo abnegado e fiel? Não seria isso o verdadeiro conteúdo de todas as relações humanas, esse altruísmo que não quer nada e não espera nada, absolutamente nada do outro? E quanto mais dá, menos espera em troca? E se entrega ao outro toda a confiança duma juventude, toda a abnegação da idade viril e finalmente oferece a coisa mais preciosa que um ser humano pode proporcionar a outro ser humano, a sua confiança absoluta, cega e apaixonada, e depois vê confrontado com o facto de o outro ser infiel e vil, tem direito de se ofender, de exigir a vingança? E se se ofende e grita por vingança, era realmente amigo, o traído e abandonado? Vês, dediquei-me a essas questões teóricas quando fiquei sozinho. Naturalmente, a solidão não me deu resposta. Nem os livros deram resposta perfeita."

(«As velas ardem até ao fim» - Sándor Márai)

Salto Tandem de 4200m - Évora

"I believe I can fly
I believe I can touch the sky
I think about it every night and day
Spread my wings and fly away"

Altitude: 4200m
Tempo aproximado em queda livre: 60 segundos
Velocidade aproximada: 200km/h
Data: 01 de Setembro de 2012
Hora: 10h
Instrutor: Jaime Faustino

As cinco coisas de que as pessoas mais se arrependem

Depois de ler o artigo "As cinco coisas de que as pessoas mais se arrependem antes de morrer" relativo a um estudo de Bronnie Ware, registo com agrado os principais arrependimentos das pessoas com algumas anotações minhas:
- Quem me dera ter tido a coragem de viver de acordo com as minhas convicções e não de acordo com as expectativas dos outros (A saúde traz consigo uma liberdade de que poucos se apercebem que têm, até a perderem);
- Quem me dera não ter trabalhado tanto (uma reflexão principalmente dos homens que dedicaram a sua vida à vida profissional em detrimento da vida pessoal);
- Quem me dera ter tido coragem de expressar os meus sentimentos (medo? não, cobardia!);
- Quem me dera ter mantido contacto com os meus amigos (com a família são a base da vida);
- Quem me dera ter-me permitido ser feliz (fingir que se é feliz é um engano, procurar ser feliz depende de cada um).

Se hoje estivesse para morrer acho que não estaria angustiado ou arrependido com a minha vida. Segue em frente e vive! :)

Destiny

“Some say our destiny is tied to the land, as much a part of us as we are of it. Others say fate is woven together like a cloth, so that one’s destiny intertwines with many others. It’s the one thing we search for, or fight to change. Some never find it. But there are some who are led.” - Merida

Finally

Time marches on never ending,
time keeps its own time,
Here we stand at beginning,
and then goes passing us by,
And I, I, I can dream for us all,
I hope I'm in a better state,
When here and now crumbles and falls
and you, you , you who make worlds collide
I knew you'd come knocking one day,
unannounced like a thief in the night.

Where do we go from here,
time ain't nothing but time,
I now have no fear of my fears
And no more tears to cry,
tomorrow, tomorrow, tomorrow means nothing at all
If we don't hear the line,
when today places its call, and morning, morning, morning
Won't ever be the same,
now I won't make the same mistakes, time and time again (5x)

So tell me how do you do
Finally I meet you
You don't know what I've been through,
waiting and wondering about you
I had a dream my trip would end at you,
and now I know paradise.



O peso da insustentável leveza do ser

"O fardo mais pesado é também, ao mesmo tempo, a imagem do momento mais intenso de realização de uma vida. Quanto mais pesado for o fardo, mais próxima da terra se encontra a nossa vida e mais real e verdadeira é. Em contrapartida, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, fá-lo voar, afastar-se da terra, do ser terrestre, torna-o semi-real e os seus movimentos tão livres quanto insignificantes. Que escolher, então? O peso ou a leveza? [...]

Sentiu um peso, mas não era o peso do fardo e sim da insustentável leveza do ser."

(Milan Kundera, "A Insustentável Leveza do Ser")

I am real from head to toe

Some people say that I'm too open 
They say it's not good 
To let them know everything about me 
And they say one day they will use 
Every little thing against me but
I don't mind maybe they're right 
That's just how it is
And I got nothing to hide.

I live my life the way I want
I got nothing to hide, nothing at all
Life is not a fairy tale
They should know that life is real.
I live my life the way I want,
I got nothing to hide, nothing at all
Life is not a fairy tale
Life is about more
'Cause life is real.

A friend of mine gave me an advice
He said 'be careful'
And think twice before you talk about your life
Protect yourself just keep quiet
The more they know the harder they try
To spoil your ways to spread lies
And even though I know he could be right
I just said I...

I live my life the way I want
I got nothing to hide, nothing at all
Life is not a fairy tale
They should know that life is real.
I live my life the way I want,
I got nothing to hide, nothing at all
Life is not a fairy tale
Life is about more
'Cause life is real.

Life is real...
Life is real...
Life is real...

Me I be "M" ogunmakin fear no foe
I am real from head to toe
Like life is real and you should know.
Me I be "M" ogunmakin fear no foe
I am real from head to toe
Just like my heart like my soul.




One day... the day is now

Sometimes I lay
Under the moon
And thank God I'm breathing
And pray
Don't take me soon
Cause i'm here for a reason

Sometimes in my tears I drown
But I never let it get me down
So when negativity surrounds

I know some day it'll all turn around"

One day this all will change
Onde day, my life will change.
And the day is now!

Nuno Garção
(Adaptado de One day - Matisyahu)

One Day - Matisyahu

Sometimes I lay
Under the moon
And thank God I'm breathing
And pray
Don't take me soon
Cause i'm here for a reason

Sometimes in my tears I drown
But I never let it get me down
So when negativity surrounds
I know some day it'll all turn around
Because
All my life I've been waiting for
I've been praying for
For the people to say
That we dont wanna fight no more
There'll be no more wars
And our children will play

One day

It's not about
Win or lose
Because we all lose
When they feed on the souls of the innocent
Blood drenched pain
Keep on moving though the water's stay raging
In this maze you can lose your way (your way)
It might drive you crazy but dont let it phase you no way (no way)

Sometimes in my tears I drown
But I never let it get me down
So when negativity surrounds
I know some day it'll all turn around
Because
All my life I've been waiting for
I've been praying for
For the people to say
That we dont wanna fight no more
There'll be no more wars
And our children will play

One day

One day this all will change
Treat poeple the same
Stop with the violence
Down with the hate
One day we'll all be free
And proud to be
Under the same
Singing songs of freedom

One day

All my life I've been waiting for
I've been praying for
For the people to say
That we don't wanna fight no more
There'll be no more wars
And our children will play

One day...


(Atualmente uma das músicas mais bonitas e que poderia inspirar este mundo e as pessoas)

Cada semente sabe como transformar-se em árvore...


"No silêncio da minha reflexão,
recebo todo o mundo interior
como se fosse uma semente,
de algum modo pequena e insignificante
mas também cheia de possibilidades.

E vejo nas suas entranhas
o gérmen de uma árvore magnífica,
a árvore da minha própria vida
em processo de desenvolvimento.

Na sua pequenez, cada semente contém
o espírito da árvore que depois vai ser.

Cada semente sabe como transformar-se em árvore,
ao cair em terra fértil,
absorvendo os sucos que a alimentam,
expandindo os ramos e a folhagem,
enchendo-se de flores e de frutos
para poder dar o que tem para dar.

Cada semente sabe
como chegar a ser árvore.
E as sementes são tantas
quantos são os sonhos secretos.

Dentro de nós, inumeráveis sonhos
esperam pelo momento de germinar,
deitar raízes e chegar à luz,
morrer como sementes...
para se transformar em árvores.

Árvores magníficas e orgulhosas
que por sua vez nos digam, na sua solidez,
que oiçamos a nossa voz interior;
que escutemos
a sabedoria dos nossos sonhos semente.

Eles, os sonhos, indicam o caminho
com símbolos e sinais de toda a espécie,
em cada facto, em cada momento,
entre as coisas e entre as pessoas,
nas dores e nos prazeres,
nos triunfos e nos fracassos,
o sonho ensina-nos, adormecidos ou acordados,
a ver-nos,
a escutar-nos,
a dar-nos conta.
Mostra-nos o rumo nos pressentimentos fugidios
ou em relâmpagos de lucidez ofuscante.

E assim crescemos,
desenvolvemo-nos
evoluímos...

E, um dia, enquanto atravessamos
este eterno presente a que chamamos vida,
as sementes dos nossos sonhos
transformar-se-ão em árvores,
e estenderão os seus ramos
que, como asas gigantescas,
cruzarão o céu,
unindo num só traço
o nosso passado e o nosso futuro.

Nada há a temer...
Uma sabedoria interior acompanha-as...
Porque cada semente sabe
como chegar a ser árvore."

by Jorge Bucay

No dia 26 de Julho recomeça um novo ciclo

"Durante a sua permanência no planeta Terra, os Maias ensinaram seus conhecimentos sobre os segredos do tempo galáctico, cientes dos ciclos lineares e limitadores a que todos nós, seres humanos, fomos submetidos.

Sabedores que tínhamos perdido a habilidade natural de perceber os ciclos naturais de Luz Cósmica ao longo de nossa existência, e que esta forma linear do tempo atual é controladora e esconde os verdadeiros aspectos multidimensionais do TEMPO.

A contagem do tempo Maia se baseia em 13 ciclos lunares de 28 dias por ano solar, perfazendo 364 dias, mais um chamado de ‘Fora do Tempo’, entre o Ano Velho e o ano Novo. Pelo calendário Maia, o dia fora do tempo é o dia 25 de Julho.

Os Maias consideravam este dia como uma grande oportunidade de reciclar, recomeçar, recarregar as energias, libertar o que já não é mais preciso, agradecer por tudo o que foi recebido no período anterior em todos os aspectos, agradecendo inclusive os momentos menos bons, pois eles também são aspectos importantes na nossa aprendizagem e evolução como seres humanos, cuja essência é espiritual.

No dia 26 de Julho recomeça um novo ciclo com o nascimento astronómico de Sirius, que se eleva no horizonte juntamente com o Sol, trazendo uma energia de limpeza e purificação interior, trabalhando os nossos corpos sutis, principalmente o emocional."

Qual é o destino que eu sonho inventar

"Apesar de longe ainda temos voz,
A estrada é difícil mas não estamos sós,
Em vez de ser eu, experimenta sermos nós,
Vamos lá...
Qual é o destino, que eu sonho inventar,
Não sabe o caminho, sabe começar,
Não fica sozinho e não vai ficar,
Vamos lá...
Vem, faz, tu já és quem tu queres ser,
livre desse medo de crescer,
sobe além do que podes ver, Vamos Lá...
Vem, faz, tu já és quem tu queres ser,
livre desse medo de crescer,
sobe além do que podes ver, Vamos Lá...
Vamos ter a vida que queremos viver,
Andamos à noite até amanhecer,
Temos de agarrar o que não queremos perder.
Vamos lá...
Qual é o destino, que eu sonho inventar,
Não sabe o caminho, sabe começar,
Não fica sozinho e não vai ficar,
Vamos lá...
Vem, faz, tu já és quem tu queres ser,
livre desse medo de crescer,
sobe além do que podes ver, Vamos Lá...
Vem, faz, tu já és quem tu queres ser,
livre desse medo de crescer,
sobe além do que podes ver, Vamos Lá...

Vamos Lá...
Vem, faz, tu já és quem tu queres ser,
livre desse medo de crescer,
sobe além do que podes ver, Vamos Lá...



Brevidade...


"Nasci hoje de madrugada
vivi a minha infância esta manhã
e cerca do meio dia
já passava a minha adolescência.
E não é que me assuste 
que o tempo passe por mim tão depressa. 
Só me inquieto um pouco pensar 
que talvez amanhã 
eu seja 
demasiado velho 
para fazer o que deixei pendente." 

Jorge Bucay

Mais um aniversário...

Nestes dias todos ou quase todos nos dão os parabéns quase em jeito de bom dia...
Mas o que surpreende mesmo é que alguns, poucos, olham esse momento de outra forma e param para pensar em como podem dizer um bom dia com um cunho de dedicação, ternura, sensualidade ou carinho.

Obrigado a todos aqueles que me desejaram um feliz dia de aniversário.

Nuno Garção

A felicidade...

A felicidade depende essencialmente de ti e não dos outros que te rodeiam, mas é com eles que deves partilhá-la.

Nuno Garção

Viver a vida...


Viv
er a Vida é como subir a uma árvore.

Começa-se pelo tronco que é a parte mais acessível:
A sua rigidez permite-nos subir com passos mais ousados.
A sua estrutura permite-nos ganhar rapidamente confiança para continuar a subir.

À medida que subimos o desafio é cada vez maior e mais exigente.
As vitórias fazem-se mais devagar e a elevação mais lenta.
E o medo de cair aumenta consideravelmente.

Sentir insegurança em pisar um ramo mais frágil é ter medo de arriscar.
Ter medo que os galhos se partam é ter medo de viver.
Pensar que no passo seguinte não existe ramo é ter medo de continuar.

Mas ter medo dessas coisas é deixar de acreditar que a árvore continua a crescer à medida que a continuamos a subir.
Ter medo da queda é desistir de entender a vida como um processo de crescimento interno na procura de uma vista mais clara em relação a tudo.

Nuno Garção

Cidade dos poços...

"Aquela cidade não era habitada por pessoas, como todas as outras cidades do planeta.
Aquela cidade era habitada por poços. Poços vivos… mas afinal poços.

Os poços distinguiam-se entre si não somente pelo lugar onde estavam escavados, mas também pelo parapeito (a abertura que os ligava ao exterior).
Havia poços ricos e ostensivos com parapeitos de mármore e metais preciosos; poços humildes de tijolo e madeira, e outros mais pobres, simples buracos rasos que se abriam na terra.
A comunicação entre os habitantes da cidade fazia-se de parapeito em parapeito, e as notícias corriam rapidamente de ponta a ponta do povoado.

Um dia, chegou à cidade uma «moda» que certamente tinha nascido nalgum pequeno povoado humano.
A nova ideia assinalava que qualquer ser vivo que se prezasse deveria cuidar muito mais do interior do que do exterior. O importante não era o superficial, mas o conteúdo.
Foi assim que os poços começaram a encher-se de coisas.
Alguns enchiam-se de jóias, moedas de ouro e pedras preciosas. Outros, mais práticos, encheram-se de electrodomésticos e aparelhos mecânicos. Outros ainda optaram pela arte, e foram-se enchendo de pinturas, pianos de cauda e sofisticadas esculturas pós-modernas. Finalmente, os intelectuais encheram-se de livros, de manifestos ideológicos e de revistas especializadas.
O tempo passou...
A maioria dos poços encheu-se a tal ponto que já não podia conter mais nada.
Os poços não eram todos iguais, por isso, embora alguns se tenham conformado, outros pensaram no que teriam de fazer para continuar a meter coisas no seu interior…

Um deles foi o primeiro. Em vez de apertar o conteúdo, lembrou-se de aumentar a sua capacidade alargando-se.
Não passou muito tempo até que a ideia começasse a ser imitada. Todos os poços utilizavam grande parte das suas energias a alargar-se para criarem mais espaço no seu interior. Um poço, pequeno e afastado do centro da cidade, começou a ver os seus colegas que se alargavam desmedidamente. Ele pensou que se continuassem a alargar-se daquela maneira, dentro em pouco confundir-se-iam os parapeitos dos vários poços e cada um perderia a sua identidade…

Talvez a partir dessa ideia, ocorreu-lhe que outra maneira de aumentar a sua capacidade seria crescer, mas não em largura, antes em profundidade. Fazer-se mais fundo em vez de mais largo. Depressa se deu conta de que tudo o que tinha dentro dele lhe impedia a tarefa de aprofundar. Se quisesse ser mais profundo, seria necessário esvaziar-se de todo o conteúdo…
A princípio teve medo do vazio. Mas, quando viu que não havia outra possibilidade, depressa meteu mãos à obra.
Vazio de posses, o poço começou a tornar-se profundo, enquanto os outros se apoderavam das coisas das quais ele se tinha despojado…

Um dia, algo surpreendeu o poço que crescia para dentro. Dentro, muito no interior e muito no fundo… encontrou água!
Nunca antes nenhum outro poço tinha encontrado água.
O poço venceu a sua surpresa e começou a brincar com a água do fundo, humedecendo as suas paredes, salpicando o seu parapeito e, por último, atirando a água para fora.
A cidade nunca tinha sido regada a não ser pela chuva, que na verdade era bastante escassa. Por isso, a terra que estava à volta do poço, revitalizada pela água, começou a despertar.
As sementes das suas entranhas brotaram em forma de erva, de trevos, de flores e de hastezinhas delicadas que depois se transformaram em árvores…
A vida explodiu em cores à volta do poço afastado, ao qual começaram a chamar «o Vergel».
Todos lhe perguntavam como tinha conseguido aquele milagre.
— Não é nenhum milagre — respondeu o Vergel. — Deve procurar-se no interior, até ao fundo.
Muitos quiseram seguir o exemplo do Vergel, mas aborreceram-se da ideia quando se deram conta de que para serem mais profundos, se tinham de esvaziar. Continuaram a encher-se cada vez mais de coisas…

No outro extremo da cidade, outro poço decidiu correr também o risco de se esvaziar…
E também começou a escavar…
E também chegou à água…
E também salpicou até ao exterior criando um segundo oásis verde no povoado…
— Que vais fazer quando a água acabar? — perguntavam-lhe.
— Não sei o que se passará — respondia ele. — Mas, por agora, quanto mais água tiro, mais água há.
Passaram-se uns meses antes da grande descoberta.

Um dia, quase por acaso, os dois poços deram-se conta de que a água que tinham encontrado no fundo de si próprios era a mesma…
Que o mesmo rio subterrâneo que passava por um inundava a profundidade do outro.
Deram-se conta de que se abria para eles uma vida nova.
Não somente podiam comunicar um com o outro de parapeito em parapeito, superficialmente, como todos os outros, mas a busca também os tinha feito descobrir um novo e secreto ponto de contacto.
Tinham descoberto a comunicação profunda que somente conseguem aqueles que têm a coragem de se esvaziar de conteúdos e procurar no fundo do seu ser o que têm para dar…"

Jorge Bucay
Contos para pensar

Summits of my Life

"Our steps follow our instinct and take us into the unknown.

We no longer see the obstacles behind us, but look forward to the ones ahead."

O tempo...


O tempo tem uma forma maravilhosa de nos mostrar o que realmente importa.
E o que importa realmente é aproveitar cada momento da nossa vida como se fosse o último.
Todos os momentos da nossa vida são importantes! Todos!
Por isso devemos pôr em todos os momentos o melhor de nós próprios, seja profissional ou pessoalmente.
Muitas vezes levamos o tempo a pensar no passado, sem sentir o presente e sem deixar acontecer o futuro!

Nuno Garção

Foi quem "Deu oiro ao sol e prata ao luar"



Não sei, não sabe ninguém
Por que canto o fado
Neste tom magoado
De dor e de pranto
E neste tormento
Todo o sofrimento
Eu sinto que a alma
Cá dentro se acalma
Nos versos que canto

Foi deus
Que deu luz aos olhos
Perfumou as rosas
Deu oiro ao sol
E prata ao luar
Foi deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
E pôs as estrelas no céu
E fez o espaço sem fim
Deu o luto as andorinhas
Ai, e deu-me esta voz a mim

Se canto
Não sei o que canto
Misto de ventura
Saudade, ternura
E talvez amor
Mas sei que cantando
Sinto o mesmo quando
Se tem um desgosto
E o pranto no rosto
Nos deixa melhor

Foi deus
Que deu voz ao vento
Luz ao firmamento
E deu o azul às ondas do mar foi deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
Fez poeta o rouxinol
Pôs no campo o alecrim
Deu as flores à primavera

Ai!, e deu-me esta voz a mim.

A luz...



Se há luz que nos ilumina sempre e de forma quente e mágica é a luz do sol e da lua.

Nuno Garção

...o ridículo...

"O ridículo não existe; os que ousaram desafiá-lo de frente conquistaram o mundo." 

Octave Mirbeau

Amigos para sempre...

«Os amigos cada vez mais se vêem menos. Parece que era só quando éramos novos, trabalhávamos e bebíamos juntos que nos víamos as vezes que queríamos, sempre diariamente. E, no maior luxo de todos, há muito perdido: porque não tínhamos mais nada para fazer. Nesta semana, tenho almoçado com amigos meus grandes, que, pela primeira vez nas nossas vidas, não vejo há muitos anos. Cada um começa a falar comigo como se não tivéssemos passado um único dia sem nos vermos. Nada falha. Tudo dispara como se nos estivera - e está - na massa do sangue: a excitação de contar coisas e a alegria de partilhar ninharias; as risotas por piadas de há muito repetidas; as promessas de esperanças que estão há que décadas por realizar. Há grandes amigos que tenho a sorte de ter que insistem na importância da Presença com letra grande. Até agora nunca concordei, achando que a saudade faz pouco do tempo e que o coração é mais sensível à lembrança do que à repetição. Enganei-me. O melhor que os amigos e as amigas têm a fazer é verem-se cada vez que podem. É verdade que, mesmo tendo passado dez anos, é como se nos tivéssemos visto ontem. Mas, mesmo assim, sente-se o prazer inencontrável de reencontrar quem se pensava nunca mais encontrar. O tempo não passa pela amizade. Mas a amizade passa pelo tempo. É preciso segurá-la enquanto ela há. Somos amigos para sempre mas entre o dia de ficarmos amigos e o dia de morrermos vai uma distância tão grande como a vida».

Miguel Esteves Cardoso

Quando ficamos como assim...

Quando ficamos assim, a ouvirmo-nos e
a falarmo-nos, somos capazes de descobrir muito
mais do que todos eles, obedientes e assustados.
Como aqui, assim, estas palavras a levarem esta
voz fazem-nos saber que estamos juntos, mesmo
quando não há uma sala com estas paredes e só
conseguimos duvidar e duvidar desta verdade.
Estamos juntos, mesmo quando nos separamos
pelas ruas e, dentro de nós, somos um exército
de segredos, mesmo quando nos escondemos do
mundo que desejámos e que desejamos indescon-
troladamente, desincomparavelmente, como um
silêncio que mente e mente e não mente.
Estamos juntos no silêncio, apesar desta voz
carregada por estas palavras, apesar das formas todas
dos nossos corpos e dos desenhos que somos capazes
de fazer com o olhar. As nossas mãos, procuram-se
à noite, dentro das luzes apagadas. As nossas mãos,
nossas, encontram-se agora e são invisíveis. Sabemos
que os nossos dedos tocaram outros dedos, tocaram
nomes e cordas de guitarra. Sabemos quem somos.
Somos muitos e sabemo-nos reconhecer. Assim,
como aqui, esperamos a madrugada, sabendo que
fomos nós, juntos, que a construímos. Esperamos
muito mais que a madrugada. Temos a
força de sempre, aprendemos a renúncia de
nunca mais. A disciplina está enterrada naquilo
que não é medo, é força, e que nos protege, que
nos protegemos a nós próprios. Esta voz, se eles
conseguirem entender esta voz, mudaremos de
língua. Esta voz é esta sala. Esta voz são os caminhos
que fizemos à margem de cidades e de argumentos
razoáveis. As palavras são pedras. As certezas
perseguiram-nos e abrandámos para que nos
alcançassem. Agora, controlamos pontes e
quotidianos. Agora, esta voz dirige-se ao teu rosto.
Nada nos é impossível. Explicamo-nos uns aos outros e,
sem que ninguém nos perturbe, encontramo-nos
sempre como agora, aqui, assim, como agora, aqui, assim.

José Luís Peixoto, in Gaveta de Papéis

...poderes...


É urgente mudar estas forças que estão a destruir a sociedade para benefício de alguns que pertencem ao poder económico e prejuízo de muitos que somos todos nós. 

Nunca pensei...

35 anos... quase nos 36 anos... E uma vontade enorme de viver...

Nunca pensei nesta idade fazer uma reflexão tão profunda de todas as vivências que o destino me tem posto à frente.
E lembrar-me de tantas pessoas importantes que conheci e me marcaram.
Nunca pensei nesta idade fazer uma reflexão tão profunda sobre aquilo que fui e sou...
E entender que há coisas em nós que nos torna realmente genuínos.
Nunca pensei nesta idade fazer uma reflexão tão profunda do passado e do presente sem me preocupar com o futuro.
E sentir que é tão proveitoso olhar para o nosso interior e fazer uma viagem.

Nunca pensei que chegar a esta idade me daria a capacidade de perceber que tenho outra vida pela frente...

Nuno Garção

«Elefante acorrentado»

(Relembrando uma publicação de 2008 neste blog ... Como é bonita esta reflexão!)


"Quando era pequeno, adorava o circo e aquilo de que mais gostava eram os animais. Cativa-me especialmente o elefante… dava mostras de ter um peso, tamanho e forca descomunais… Mas depois da sua actuação … o elefante ficava sempre atado a uma pequena estaca cravada no solo, com uma corrente a agrilhoar-lhe uma das patas. No entanto a estaca não passava de um minúsculo pedaço de madeira enterrado uns centímetros no solo. E, embora a corrente fosse grossa e pesada, parecia-me óbvio que um animal capaz de arrancar uma árvore pela raiz, com toda a sua forca, facilmente se conseguiria libertar da estaca e fugir. O mistério continua a parecer-me evidente. O que é que o prende, então? Porque é que não foge? … Se é amestrado, porque é que o acorrentam? … O elefante do circo não foge porque esteve atado a uma estaca desde que era muito, muito pequeno. Fechei os olhos e imaginei o indefeso elefante recém-nascido preso a estaca. Tenho certeza de que naquela altura o elefantezinho puxou, esperneou e suou para se tentar libertar. E, apesar dos seus esforços, não conseguiu, porque aquela estaca era demasiado forte para ele. Imaginei-o a adormecer, cansado, e a tentar novamente no dia seguinte, e no outro, e no outro… Até que, um dia, um dia terrível para a sua história, o animal aceitou a sua impotência e resignou-se com o seu destino. Esse elefante enorme e poderoso, que vemos no circo, não foge porque, coitado, pensa que não é capaz de o fazer. Tem gravado na memória a impotência que sentiu pouco depois de nascer. E o pior é que nunca mais tornou a questionar seriamente essa recordação. Jamais, jamais tentou por novamente a prova a sua força… Todos somos um pouco como o elefante do circo: seguimos pela vida fora atados a centenas de estacas que nos coarctam a liberdade. Vivemos a pensar que não somos capazes de fazer montes de coisas, simplesmente porque uma vez, há muito tempo, tentamos e não conseguimos.”

Jorge Bucay

Hoje estive contigo num dos cenários mais belos que tenho memória... 
Acompanhado da música das ondas que batiam calmamente nos rochedos... 
Fiquei tempo sem fim a admirar-te: 
Estavas especialmente bela, grande e brilhante. 

Nuno Garção