Lá fora chove

Ouço um tilintar na minha janela.
É a chuva que bate!
Bate como quem pede para entrar
Na harmonia do Outono,
Avisando que atrás dela vem o frio.

Fico a olhar para o cinzento escuro do céu.
É a chuva em traços!
Traços oblíquos pintados por milhares de gotinhas
Que caem agrupadas num contínuo sem fim,
Mantendo o paralelismo na queda.

Abro a janela para receber esta visita.
É a chuva que canta!
Canta nos telhados zincados e nas folhas castanhas das árvores,
e do chão surge o perfume que invade a atmosfera,
com um cheiro forte a terra molhada.

Sinto a frescura da chuva que cai.
É a chuva que me acaricia a face!
Cai agora numa mancha compacta,
Que tira a cor ao cenário da minha janela
E avisa duas velhotas que devem correr para casa.

É a chuva que chega... E frio virá depois.

Nuno Garção

4 comentários:

Unknown disse...

Gostei !
Se um Matemático consegue fazer poesia, então também a poesia pode ser Matemática.
Um abraço.

Nuno Garção disse...

Caro amigo,
A Matemática é sem dúvida poesia.
Tens que voltar a escrever a poesia da Matemática. É um desafio que te deixo.

flor disse...

Encantador... "É a chuva em traços que bate, que canta!".
Adorei esta harmonia verbal!!!
Bêjos

Nuno Garção disse...

Obrigado pelo comentário, miga.
Bêjos alentejanos