Summits of my Life

"Our steps follow our instinct and take us into the unknown.

We no longer see the obstacles behind us, but look forward to the ones ahead."

O tempo...


O tempo tem uma forma maravilhosa de nos mostrar o que realmente importa.
E o que importa realmente é aproveitar cada momento da nossa vida como se fosse o último.
Todos os momentos da nossa vida são importantes! Todos!
Por isso devemos pôr em todos os momentos o melhor de nós próprios, seja profissional ou pessoalmente.
Muitas vezes levamos o tempo a pensar no passado, sem sentir o presente e sem deixar acontecer o futuro!

Nuno Garção

Foi quem "Deu oiro ao sol e prata ao luar"



Não sei, não sabe ninguém
Por que canto o fado
Neste tom magoado
De dor e de pranto
E neste tormento
Todo o sofrimento
Eu sinto que a alma
Cá dentro se acalma
Nos versos que canto

Foi deus
Que deu luz aos olhos
Perfumou as rosas
Deu oiro ao sol
E prata ao luar
Foi deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
E pôs as estrelas no céu
E fez o espaço sem fim
Deu o luto as andorinhas
Ai, e deu-me esta voz a mim

Se canto
Não sei o que canto
Misto de ventura
Saudade, ternura
E talvez amor
Mas sei que cantando
Sinto o mesmo quando
Se tem um desgosto
E o pranto no rosto
Nos deixa melhor

Foi deus
Que deu voz ao vento
Luz ao firmamento
E deu o azul às ondas do mar foi deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
Fez poeta o rouxinol
Pôs no campo o alecrim
Deu as flores à primavera

Ai!, e deu-me esta voz a mim.

A luz...



Se há luz que nos ilumina sempre e de forma quente e mágica é a luz do sol e da lua.

Nuno Garção

...o ridículo...

"O ridículo não existe; os que ousaram desafiá-lo de frente conquistaram o mundo." 

Octave Mirbeau

Amigos para sempre...

«Os amigos cada vez mais se vêem menos. Parece que era só quando éramos novos, trabalhávamos e bebíamos juntos que nos víamos as vezes que queríamos, sempre diariamente. E, no maior luxo de todos, há muito perdido: porque não tínhamos mais nada para fazer. Nesta semana, tenho almoçado com amigos meus grandes, que, pela primeira vez nas nossas vidas, não vejo há muitos anos. Cada um começa a falar comigo como se não tivéssemos passado um único dia sem nos vermos. Nada falha. Tudo dispara como se nos estivera - e está - na massa do sangue: a excitação de contar coisas e a alegria de partilhar ninharias; as risotas por piadas de há muito repetidas; as promessas de esperanças que estão há que décadas por realizar. Há grandes amigos que tenho a sorte de ter que insistem na importância da Presença com letra grande. Até agora nunca concordei, achando que a saudade faz pouco do tempo e que o coração é mais sensível à lembrança do que à repetição. Enganei-me. O melhor que os amigos e as amigas têm a fazer é verem-se cada vez que podem. É verdade que, mesmo tendo passado dez anos, é como se nos tivéssemos visto ontem. Mas, mesmo assim, sente-se o prazer inencontrável de reencontrar quem se pensava nunca mais encontrar. O tempo não passa pela amizade. Mas a amizade passa pelo tempo. É preciso segurá-la enquanto ela há. Somos amigos para sempre mas entre o dia de ficarmos amigos e o dia de morrermos vai uma distância tão grande como a vida».

Miguel Esteves Cardoso

Quando ficamos como assim...

Quando ficamos assim, a ouvirmo-nos e
a falarmo-nos, somos capazes de descobrir muito
mais do que todos eles, obedientes e assustados.
Como aqui, assim, estas palavras a levarem esta
voz fazem-nos saber que estamos juntos, mesmo
quando não há uma sala com estas paredes e só
conseguimos duvidar e duvidar desta verdade.
Estamos juntos, mesmo quando nos separamos
pelas ruas e, dentro de nós, somos um exército
de segredos, mesmo quando nos escondemos do
mundo que desejámos e que desejamos indescon-
troladamente, desincomparavelmente, como um
silêncio que mente e mente e não mente.
Estamos juntos no silêncio, apesar desta voz
carregada por estas palavras, apesar das formas todas
dos nossos corpos e dos desenhos que somos capazes
de fazer com o olhar. As nossas mãos, procuram-se
à noite, dentro das luzes apagadas. As nossas mãos,
nossas, encontram-se agora e são invisíveis. Sabemos
que os nossos dedos tocaram outros dedos, tocaram
nomes e cordas de guitarra. Sabemos quem somos.
Somos muitos e sabemo-nos reconhecer. Assim,
como aqui, esperamos a madrugada, sabendo que
fomos nós, juntos, que a construímos. Esperamos
muito mais que a madrugada. Temos a
força de sempre, aprendemos a renúncia de
nunca mais. A disciplina está enterrada naquilo
que não é medo, é força, e que nos protege, que
nos protegemos a nós próprios. Esta voz, se eles
conseguirem entender esta voz, mudaremos de
língua. Esta voz é esta sala. Esta voz são os caminhos
que fizemos à margem de cidades e de argumentos
razoáveis. As palavras são pedras. As certezas
perseguiram-nos e abrandámos para que nos
alcançassem. Agora, controlamos pontes e
quotidianos. Agora, esta voz dirige-se ao teu rosto.
Nada nos é impossível. Explicamo-nos uns aos outros e,
sem que ninguém nos perturbe, encontramo-nos
sempre como agora, aqui, assim, como agora, aqui, assim.

José Luís Peixoto, in Gaveta de Papéis

...poderes...


É urgente mudar estas forças que estão a destruir a sociedade para benefício de alguns que pertencem ao poder económico e prejuízo de muitos que somos todos nós. 

Nunca pensei...

35 anos... quase nos 36 anos... E uma vontade enorme de viver...

Nunca pensei nesta idade fazer uma reflexão tão profunda de todas as vivências que o destino me tem posto à frente.
E lembrar-me de tantas pessoas importantes que conheci e me marcaram.
Nunca pensei nesta idade fazer uma reflexão tão profunda sobre aquilo que fui e sou...
E entender que há coisas em nós que nos torna realmente genuínos.
Nunca pensei nesta idade fazer uma reflexão tão profunda do passado e do presente sem me preocupar com o futuro.
E sentir que é tão proveitoso olhar para o nosso interior e fazer uma viagem.

Nunca pensei que chegar a esta idade me daria a capacidade de perceber que tenho outra vida pela frente...

Nuno Garção

«Elefante acorrentado»

(Relembrando uma publicação de 2008 neste blog ... Como é bonita esta reflexão!)


"Quando era pequeno, adorava o circo e aquilo de que mais gostava eram os animais. Cativa-me especialmente o elefante… dava mostras de ter um peso, tamanho e forca descomunais… Mas depois da sua actuação … o elefante ficava sempre atado a uma pequena estaca cravada no solo, com uma corrente a agrilhoar-lhe uma das patas. No entanto a estaca não passava de um minúsculo pedaço de madeira enterrado uns centímetros no solo. E, embora a corrente fosse grossa e pesada, parecia-me óbvio que um animal capaz de arrancar uma árvore pela raiz, com toda a sua forca, facilmente se conseguiria libertar da estaca e fugir. O mistério continua a parecer-me evidente. O que é que o prende, então? Porque é que não foge? … Se é amestrado, porque é que o acorrentam? … O elefante do circo não foge porque esteve atado a uma estaca desde que era muito, muito pequeno. Fechei os olhos e imaginei o indefeso elefante recém-nascido preso a estaca. Tenho certeza de que naquela altura o elefantezinho puxou, esperneou e suou para se tentar libertar. E, apesar dos seus esforços, não conseguiu, porque aquela estaca era demasiado forte para ele. Imaginei-o a adormecer, cansado, e a tentar novamente no dia seguinte, e no outro, e no outro… Até que, um dia, um dia terrível para a sua história, o animal aceitou a sua impotência e resignou-se com o seu destino. Esse elefante enorme e poderoso, que vemos no circo, não foge porque, coitado, pensa que não é capaz de o fazer. Tem gravado na memória a impotência que sentiu pouco depois de nascer. E o pior é que nunca mais tornou a questionar seriamente essa recordação. Jamais, jamais tentou por novamente a prova a sua força… Todos somos um pouco como o elefante do circo: seguimos pela vida fora atados a centenas de estacas que nos coarctam a liberdade. Vivemos a pensar que não somos capazes de fazer montes de coisas, simplesmente porque uma vez, há muito tempo, tentamos e não conseguimos.”

Jorge Bucay

Hoje estive contigo num dos cenários mais belos que tenho memória... 
Acompanhado da música das ondas que batiam calmamente nos rochedos... 
Fiquei tempo sem fim a admirar-te: 
Estavas especialmente bela, grande e brilhante. 

Nuno Garção

All of my life

‎" All of my life I've tried so hard
Doing my best with what I had

Nothing much happened all the same

Something about me stood apart
A whisper of hope that seemed to fail
Maybe I'm born right out of my time
Breaking my life in two"


(David Bowie, Thursday child)

Escrita da Vida

.
Um bico fino
Percorre o papel,
Desvairado e confiante.
Traça linhas azuis,
Como que criando a linha do horizonte,
Ao mesmo tempo que desenha os símbolos da linguagem do amor.
De repente pára e volta atrás.
Arrependido e perdido…
Tenta recompor uma parte dessa linha da vida,
Do horizonte,
Da escrita.
Risca, refaz e continua o traço contínuo,
Que descreve o encanto da linha da existência.

E sempre risca com a intensidade
De quem quer marcar o papel de forma única
Pontual ou contínua.
Mais uma vez,
Volta atrás.
Risca e refaz.
E pensa que para próxima deverá traçar a linha
De forma audaz confiante e desvairada,
Mas evitar o desperdício da tinta que usa para riscar,
Alterar o rumo da vida,

Do horizonte,
Digo da linha,
Do traço,
Da linguagem,
Da vida.
Mas enquanto desnorteado e apaixonado continua o rumo do horizonte
Volta a parar, a riscar, a emendar…
Até gastar a tinta da vida.

Nuno Garção
"If you can't handle me at my worst, then you sure as hell don't deserve me at my best."

Marilyn Monroe