Escrita da Vida

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Um bico fino
Percorre o papel,
Desvairado e confiante.
Traça linhas azuis,
Como que criando a linha do horizonte,
Ao mesmo tempo que desenha os símbolos da linguagem do amor.
De repente pára e volta atrás.
Arrependido e perdido…
Tenta recompor uma parte dessa linha da vida,
Do horizonte,
Da escrita.
Risca, refaz e continua o traço contínuo,
Que descreve o encanto da linha da existência.

E sempre risca com a intensidade
De quem quer marcar o papel de forma única
Pontual ou contínua.
Mais uma vez,
Volta atrás.
Risca e refaz.
E pensa que para próxima deverá traçar a linha
De forma audaz confiante e desvairada,
Mas evitar o desperdício da tinta que usa para riscar,
Alterar o rumo da vida,

Do horizonte,
Digo da linha,
Do traço,
Da linguagem,
Da vida.
Mas enquanto desnorteado e apaixonado continua o rumo do horizonte
Volta a parar, a riscar, a emendar…
Até gastar a tinta da vida.

Nuno Garção

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