Há dias assim...

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Hoje, durante todo o dia, senti uma sensação de felicidade que fez com que chegasse a casa e sentisse a necessidade de me sentar a escrever estas palavras: sinto-me feliz por quem sou.
Sou alguém que depende dos outros, dos seus sorrisos, das suas palavras, dos seus carinhos, das suas sábias apreciações. Sou aquilo que aprendo e apreendo dos outros. Sou o resultado das reflexões que os outros provocam na minha própria natureza de ser.
Durante todo o dia fui olhando em redor e tomei consciência que sou, além de tudo, uma pessoa com sorte, por estar rodeado de pessoas que me fazem olhar a vida de forma interessante.
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Hoje quando falei com alguém tive a preocupação de a olhar nos olhos e percebi, em primeiro lugar, que há vários tipos de olhos, todos eles bonitos, com as suas particularidades. Por outro lado, percebi que dentro de cada olhar há algo de genuíno e quero acreditar, algo de sincero e único. Há dias assim, e hoje senti que todas as pessoas que me olharam nos olhos foram verdadeiras e profundamente genuínas nas atitudes e nas palavras.
Dei um pouco mais de atenção às suas expressões, às suas palavras, e olhei a natureza humana no seu esplendor: vi o calor com que a minha mulher fala comigo, o entusiasmo com que os meus colegas de trabalho trocaram ideias comigo e a atenção e admiração com que os meus alunos me olharam. E não posso deixar de pensar na forma fácil com que consegui arrancar um sorriso apenas com um simples olhar ou com o mover dos lábios. Há dias assim.
Na verdade é como se sentisse na minha mão cada momento e tivesse consciência o quanto estava a contribuir para que essa fracção de tempo fosse envolvida por felicidade. Por outro lado, senti que não é complicado contribuir para provocar no outro essa mesma sensação de felicidade. Apenas foi necessário atenção, tempo e dedicação.
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Agora estou só e olho pela janela. Observo a Natureza e encontro singularidade e beleza em tudo. Olho novamente aquilo que já tinha visto e verifico que na seguinte observação tenho ainda a possibilidade de descobrir algo novo e interessante naquilo que os meus olhos me dão a ver. Há sempre algo de surpreendente na segunda e na terceira vez com que observamos com atenção qualquer coisa. E o mesmo acontece se olharmos as pessoas desta forma: se as olharmos com atenção, uma, duas e três vezes, como se fosse sempre a primeira vez que as olhássemos
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Não posso deixar de acreditar que tudo o que existe de puro à nossa volta é belo e feito para podermos contemplar com atenção, tempo e dedicação. Estes três aspectos permitem-nos olhar as pessoas um pouco mais além dos muros que alguns erguem contra o olhar dos outros.
Se todos acreditássemos e percebêssemos quanto somos importantes se formos genuínos, sinceros e únicos, compreenderíamos o que é e o que desencadeia a felicidade.
Como gostaria que todos me olhassem como as pessoas que passaram por mim neste dia me olharam.
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Obrigado a todos os que hoje, sem terem consciência, me proporcionaram um dia feliz. 
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Obrigado a todos os que se cruzaram comigo e fizeram desde dia normal, um dia assim.

Nuno Garção

6 comentários:

Gi disse...

Fiquei arrepiada... mas não me cruzei contigo hoje...

Nuno Garção disse...

O post foi relativo a 18 de Março, quinta-feira. Quem se cruzou comigo?

Unknown disse...

Eu cruzei-me certamente.
Gostei muito do teu texto.
Agrada-me bastante o seu positivismo e a forma como encaras a vida.
Precisamos de agradecer mais vezes, por estarmos vivos, termos saúde, amigos, e comida quando nos sentamos à mesa. O resto é secundário e muitas vezes supérfulo.
Um abraço.
João Cunha
PS- Dá uma olhadela nisto: http://zacarias2007.blogspot.com/2010/03/mercedes-sosa.html
tem a ver com aquilo que escreveste

Nuno Garção disse...

Obrigado João
Já vi o teu blog. Muito interessante e claro com os teus registos fotográficos 5*. Abraço

Futuro Ex-Gordo disse...

Este é que deve ser o espírito.
Belo blog, amigo.
Abraço

Nuno Garção disse...

Obrigado, amigo.
Estou certo que tu também estás nesse espírito.
Abraço