liberdade...

“A ave a voar é uma coisa, a mesma ave numa gaiola é outra coisa... O Homem não pode ser feliz sem liberdade.

Existe um medo subtil da liberdade, e toda a gente quer ser escrava. Toda a gente, claro, fala sobre liberdade, mas ninguém tem coragem de ser realmente livre, porque, quando é realmente livre, está-se só. Se tem a coragem de estar só, só então pode ser livre.

Mas ninguém é suficientemente corajoso para estar só. Você precisa de alguém. Porque precisa de alguém? Porque tem medo da sua solidão. Você cansa-se de si mesmo. E realmente, quando está só, nada lhe parece significativo. Com alguém você está ocupado e cria um significado artificial à sua volta.

Como não pode viver para si mesmo, começa a viver para outra pessoa. E o mesmo se passa com a outra pessoa- ele ou ela não conseguem viver sozinhos, por isso procuram alguém. Duas pessoas que receiam a sua própria solidão juntam-se e começam um teatro- um teatro de amor. Mas lá no fundo procuram apego, compromisso, dependência.

(…) e o divertimento desaparecerá, quando a sua função estiver concluída. Quando se tiver tornado mulher ou marido, escravos um do outro, quando o casamento ocorrer, o amor desaparecerá, porque o amor era uma ilusão na qual duas pessoas podiam tornar-se escravas uma da outra.

Você não pode objetivamente pedir escravatura, é muito humilhante. E não pode dizer frontalmente a alguém: “Sê meu escravo”. Ele ficará revoltado! Nem poderá dizer: “Quero ser tua escrava”. Mas poderá dizer: “Não posso viver sem ti”. Mas o significado está lá, é o mesmo. E quando o verdadeiro desejo é preenchido, o amor desaparece. Então a servidão, a escravatura, instala-se e você começa a lutar para se libertar.

Lembre-se disto. É um dos paradoxos da sua mente; o que quer que possua irá cansá-lo, e o que quer que deseje e não consiga obter irá sempre desejar. Quando está só, desejará alguma escravidão, alguma servidão. Quando se encontra numa situação de servidão, começará a desejar ser livre (…).

O amor não se se torna apego. O apego era a necessidade; o amor era só p isco. Você andava à procura de um peixe chamado apego; o amor era só o isco para apanhar o peixe. Quando o peixe foi apanhado, deitou-se fora o isco. Sempre que estiver a fazer algo, procure no fundo de si e descubra a causa básica.

Se existe amor verdadeiro, nunca se tornará apego. Qual é o mecanismo para o amor se tornar apego? No momento em que você diz ao seu amado “ama-me só a mim”, começou a possessão.

No momento em que se possui alguém, insulta-se essa pessoa profundamente, porque ela se transformou numa coisa (…).

E então começa a luta. Eu quero ser livre, mas quero possui-lo; você quer manter a liberdade, mas quer possuir-me—e esta é a luta (…).

Amar a liberdade, tentar ser livre, significa basicamente que você chegou a um entendimento profundo de si mesmo. Agora você sabe que é autosuficiente. Você pode partilhar com alguém, mas você não é dependente. Eu posso partilhar-me com alguém. Posso partilhar o meu amor, a minha felicidade, a minha bem-aventurança, o meu silêncio com alguém. Mas isso é uma partilha, não uma dependência. Se esse alguém não estiver disponível, eu continuarei feliz, igualmente pleno (...).

Quando você se apercebe da sua consciência interior, o seu centro, só, então o amor deixará de ser apego, tornar-se-á devoção. Mas primeiro deve estar disponível para amar, e você ainda não está.

Assim, o que quer que você faça, faz mal, porque aquele que o faz está ausente e vazio (…) primeiro esteja disponível e, então, poderá partilhar o seu ser. E essa partilha será amor (…).

Quando você se encontra absolutamente feliz na sua solidão e o outro não surge como uma necessidade- então você é capaz de amar.

A pessoa que se ama estar a rir com outra pessoa é bom, é sinal que está feliz. Com quem ri passa a ser irrelevante.”

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