"Nunca fui dono de uma árvore.
Nenhum dos meus
alguma vez teve uma árvore –
embora o percurso da minha familia sopre
desde há séculos sob o cume
da floresta.
Floresta na tempestade,
floresta na acalmia –
floresta, floresta, floresta,
através dos anos.
Os meus
foram sempre uma gente pobre.
Sempre.
Filhos de vidas
e noites duras e geladas.
Os estranhos possuem as árvores,
e a terra,
a terra de pedras amontoadas
que meus pais removeram
à luz do luar.
Estranhos
com faces lisas
e mãos bonitas
e carro sempre aguardando
ao portão.
Nenhum dos meus
alguma vez teve uma árvore.
E ainda assim possuímos as florestas
pelo direito hereditário do nosso sangue.
Homem rico,
com teu carro e livro de cheques
e ações na companhia de madeiras de Borregaard:
podes comprar mil acres de floresta,
e mil acres mais,
mas não podes comprar o pôr-do-sol
ou o sussurro do vento
ou a alegria de regressar a casa
quando a urze floresce ao longo do caminho –
Não, nós temos as florestas,
do modo que uma criança tem sua mãe."
HANS BØRLI
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