Crise da crise de valores

Crise é pedir a alguém para pagar uma crise quando esse alguém já não pode. Mais grave é quando existe um certo número de pessoas que ganham com a crise de valores e se vão enchendo, passando incólume a todos os problemas sociais que as crises sucessivas estão a gerar, que são e serão o podre da nossa sociedade democrática.
Como é possível esconder o monstro atirando areia para a vista da população com o conto do vigário em relação à culpa da função pública? É verdade que muito dinheiro é esbanjado nas instituições públicas. É verdade que alguma chefia ganha exageradamente. É verdade que se atribuem reformas escandalosas a alguns. É verdade que existem institutos públicos que ninguém sabe ao certo para que serve. É verdade que existem contratos com empresas e serviços de pôr os olhos em bico... Isso e muito mais tem que acabar! Mas o problema não são os meros funcionários públicos (a grande maioria dos lesados). Esses só executam as ordens que lhes dão. Não são eles que lesam o estado em milhões, que fazem contratos onde o interesse público é duvidoso, que fazem ou aprovem leis...  
Como é possível que a classe média e média baixa se deixe aniquilar e a sociedade se passe a agrupar apenas em duas classes distintas: os muito pobres e os muito ricos? Que sociedade democrática e igualitária é esta? Preocupações sociais, onde? Pelo menos tenham vergonha e falem verdade! Há culpados, mas infelizmente não são os que estão a ser atingidos.
Grande parte dos que estão a ser atingidos fazem o seu serviço e pagam com muito sacrifício as suas contas com o pouco que ganham.

Nuno Garção

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