O buraco

As autoridades do Chile conseguiram finalmente em poucos meses retirar os 33 chilenos de um buraco. Os políticos portugueses têm conseguido nos últimos anos enfiar 10 milhões num...

Nuno Garção

Novela de pouca qualidade


Aproveito este cartoon para dizer o que me vai na alma relativamente à novela de pouca qualidade que os meios de comunicação nos têm oferecido:
- Como é possível que a classe política continue a "brincar aos políticos" pondo em causa o futuro do nosso país? 
- Como é possível que estes senhores, responsáveis por toda esta alhada onde estamos metidos, continuem a "olhar para os atacadores" e para o partido, em vez de servirem o país?
No mínimo uma vergonha, assistirmos a tudo isto quando existe um crescente aumento da pobreza e a aniquilação da equidade e da solidariedade social.

Nuno Garção
(Manuel, obrigado pela imagem que tirei do teu blog. Muito sugestiva em relação ao que está a acontecer actualmente.) 

Necessidade básica

"A necessita básica do coração humano durante uma grande crise é uma boa chávena de café quente."

Alexander King

Pegadas na areia

«Uma noite tive um sonho.
Estava a passear na praia com o meu Senhor.
Pelo céu escuro passavam cenas da minha vida.
Por cada cena, percebi que eram deixados dois pares
de pegadas na areia,
um que me pertencia
e outro ao meu Senhor.

Quando a última cena da minha vida passou perante mim
olhei para trás para as pegadas na areia.
Havia apenas um par de pegadas.
Apercebi-me de que eram os momentos mais difíceis
e tristes da minha vida.
Isso sempre me incomodou
e interroguei o Senhor
sobre o meu dilema.

"Senhor, quando decidi segui-Te, disseste-me
que caminharias ao meu lado
e falarias comigo durante todo o caminho.
Mas apercebo-me de que,
durante os momentos mais atormentados da minha vida,
há apenas um par de pegadas.
Não percebo por que razão, quando mais precisei de Ti,
Tu me deixaste."

Ele segredou:"Meu precioso filho,
Eu amo-te e nunca te deixarei,
nas horas de provação e de sofrimento. Nunca.
Quando viste na areia apenas um par de pegadas
foi porque Eu te carreguei ao colo."»


Margaret Fishback Powers

(Leitura sugerida pela minha querida mulher)

Fardo de preconceitos



"Não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos. À porta da modernidade precisamos de nos descalçar. Eu contei “sete sapatos sujos” que necessitamos de deixar na soleira da porta dos novos tempos. Haverá muitos mais, mas eu tinha que escolher e sete é um número mágico:
1. A ideia de que os culpados são sempre os outros.
2. A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho.
3. O preconceito de que quem critica é um inimigo.
4. A ideia de que mudar as palavras muda a realidade.
5. A vergonha de ser pobre e o culto das aparências.
6. A passividade perante a injustiça .
7. A ideia de que, para sermos modernos, temos que imitar os outros."

Mia Couto

Crise da crise de valores

Crise é pedir a alguém para pagar uma crise quando esse alguém já não pode. Mais grave é quando existe um certo número de pessoas que ganham com a crise de valores e se vão enchendo, passando incólume a todos os problemas sociais que as crises sucessivas estão a gerar, que são e serão o podre da nossa sociedade democrática.
Como é possível esconder o monstro atirando areia para a vista da população com o conto do vigário em relação à culpa da função pública? É verdade que muito dinheiro é esbanjado nas instituições públicas. É verdade que alguma chefia ganha exageradamente. É verdade que se atribuem reformas escandalosas a alguns. É verdade que existem institutos públicos que ninguém sabe ao certo para que serve. É verdade que existem contratos com empresas e serviços de pôr os olhos em bico... Isso e muito mais tem que acabar! Mas o problema não são os meros funcionários públicos (a grande maioria dos lesados). Esses só executam as ordens que lhes dão. Não são eles que lesam o estado em milhões, que fazem contratos onde o interesse público é duvidoso, que fazem ou aprovem leis...  
Como é possível que a classe média e média baixa se deixe aniquilar e a sociedade se passe a agrupar apenas em duas classes distintas: os muito pobres e os muito ricos? Que sociedade democrática e igualitária é esta? Preocupações sociais, onde? Pelo menos tenham vergonha e falem verdade! Há culpados, mas infelizmente não são os que estão a ser atingidos.
Grande parte dos que estão a ser atingidos fazem o seu serviço e pagam com muito sacrifício as suas contas com o pouco que ganham.

Nuno Garção