Dias assim aqueles que sentimos
Sentimentos de nós
Sentimentos sentidos.
Sentimentos de nós
Sentimentos sentidos.
Olhamos a sombra
Vemos o negro
E sentimos o cristalino do frio.
Olhamos o sol
Vemos o dourado
E sentimos a textura do calor.
Entre estes dois mundos
Debatemo-nos na procura de nós
Alternando caminhos bem traçados
Mas que não sabemos onde nos levam.
Dias assim aqueles que sentimos
O sentir da vida
E a vida na impressão dos sentidos.
Vemos passar aquele comboio:
Olhamos alegres por sabermos
Que queríamos não estar dentro dele.
Olhamos aquele monte:
E pensamos como se torna difícil ver o cume
Quanto mais perto estamos.
Entre querer e lutar para ter
Debatemo-nos na procura de nós
Alternando caminhos bem delineados
Mas que não sabemos o que nos reservam.
Dias assim aqueles que sentimos
Sentimos dos outros
Sentimentos de nós.
Procuramos o profundo do outro
E admirados
Encontramos o profundo de nós.
Procuramos a beleza nas coisas humanas
E desiludidos
Encontramos pedaços daquilo que gostaríamos que fossemos.
Entre o outro e nós
Debatemo-nos entre o dar e o receber
Alternando caminhos bem projectados
Mas que não sabemos onde nos arrastam.
Dias assim aqueles que sentimos
Sentimentos de nada
Sentimentos vividos.
Olhamos o mundo
Vemos um pântano
E sentimos a desilusão da humanidade.
Olhamos a aldeia
Encontramos o brilho da luz
E sentimos a pureza da simplicidade.
Entre dois paradigmas
Debatemo-nos na procura de nós
Alternando caminhos bem rascunhados
Que pensamos saber onde nos levam.
Dias assim aqueles que sentimos
Sentimentos de nós
Sentimentos sentidos
De um outro sentimento que gostaríamos de sentir.
Nuno Garção