.
"Nós estamos com um grande problema. Porque vocês ... estão a ver-me neste momento. Porque menos de 3% lê livros. Porque menos de 15% de vocês lê jornais. A única verdade que conhecem é aquela que vem desta caixa. Agora existe toda uma geração que nunca soube nada, que nunca saiu da caixa. Esta caixa é a verdade absoluta, a última revelação. Esta caixa pode construir ou destruir presidentes, papas, primeiros-ministros. Esta caixa é a força mais maravilhosa, poderosa e maldita deste mundo e, ai de nós, se algum dia cair nas mãos erradas. E quando a maior empresa do mundo controlar a maior e a mais perfeita máquina de propaganda jamais criada, sabe lá o que será tomado como verdade? Prestem atenção... Vocês prestem atenção: a televisão não é a verdade. Televisão é uma porra de um parque de diversões. Televisão é um circo, carnaval, uma parada de acrobacias, contadores de histórias, cómicos, cantores, malabaristas, domadores de leões e jogadores de futebol. É o negócio da matança do aborrecimento. Mas vocês todos que estão aí sentados, noite após noite, todas as idades, cores e credos... Nós somos tudo aquilo que vocês sabem. Vocês começam a acreditar nas ilusões que pomos aqui, começam a acreditar que este caixote é a realidade e as vossas vidas não são reais. Vocês fazem tudo o que a caixa vos disser para fazer. Vocês vestem-se como a caixa, e comem como a caixa, criam as crianças como vêem na caixa e até pensam como os seres da caixa. Isto é a alienação em massa seus dementes. Vocês é que são reais, pensem... Nós somos a ilusão!" (Ano de 1976)
.
Um espaço onde vou colocando o que me vai surgindo entre a caneta e o papel.
Revisitando "O Papalagui" - A nossa sociedade!
.
.Descrição da nossa sociedade por um chefe de tribo de tiavéa nos mares do sul
.Descrição da nossa sociedade por um chefe de tribo de tiavéa nos mares do sul
"O Papalagui mora, como mexilhão no mar, dentro duma concha dura. Vive em pedras, como a escolopendra entre as fendas da lava. Tem pedras a toda a volta, de lado e por cima. [...] Muitas vezes mal sabem o nome das [pessoas] que lhes estão ao lado e quando se encontram, ao entrar para o abrigo, cumprimentam-se de má vontade ou zunem, quais insectos hostis, como se estivessem zangados de se verem constrangidas a viveram perto uma da outra. [...] É pois nestes baús que o Papalagui passa a vida. Encontra-se, consoante a hora, ora num, ora noutro baú. É aí que crescem os seus filhos, entre pedras. [...] Quanto a nós, filhos livres do sol e da luz, desejamos continuar fiéis ao Grande Espírito e não sobrecarregar com pedras o coração."
"Muitos há que pelo dinheiro sacrificam o riso, a honra, a consciência, a felicidade e até mesmo mulher e filhos. Quase todos eles sacrificam a saúde ao metal redondo e ao papel forte, isto é, ao dinheiro. [...] O dinheiro é de facto o Deus do Papalagui, se a gente considerar Deus aquilo que mais se adora. [...] Por tudo tens que pagar. Por outro lado há irmãos teus que te estendem a mão e te desprezam ou se enfurecem se nada deixares. Nem o teu mais humilde sorriso, nem o teu mais cordial olhar chegam para lhes comover o coração. [...] Descobri uma única coisa pela qual se não pede ainda dinheiro na Europa, coisa que cada um pode fazer as vezes que quiser: respirar o ar. Julgo que terá ficado esquecido, mas não me admirava nada que, se as minhas palavras fossem ouvidas na Europa, não exigissem logo, por via disso, algum metal redondo e algum papel forte. Porque os Europeus estão sempre à cata de novos motivos para pedir dinheiro. [...] A importância de um homem não é determinada nem pela sua bravura, nem pela sua coragem, nem pelo fulgor do seu espírito, mas sim pela quantidade de dinheiro que possui ou que é capaz de ganhar por dia. [...] A gente logo vê que o dinheiro o pôs doente e lhe ocupa agora todos os pensamentos. [...] Há pois, na Europa, uma metade que trabalha muito e se suja, e outra metade que trabalha muito pouco ou nada. A primeira não tem tempo de sentar-se ao sol, ao passo que a outra o tem de sobra. Diz o Papalagui que os homens não podem ter todos o mesmo dinheiro, nem sentar-se todos juntos ao sol. É graças a esta doutrina fomentada pelo dinheiro que ele se permite ser cruel. Tem o coração duro e o sangue frio; mostra-se até velhaco, falso, raramente honesto e sempre perigosos quando corre atrás do dinheiro. Segundo o modo de pensar do Papalagui, somos uns pobres mendigos. E no entanto! quando vejo os vossos olhos e os comparo com os dos ricos aliis, os deles parecem-me embaciados, mortiços e cansados, ao passo que os vossos irradiam, como a grande luz, alegria, força, vida e saúde. [...] Prezemos os nossos hábitos, que não permitem que um possua imenso e o outro nada, ou que um possua muito mais que o outro! E assim não nos tornaremos, em nosso coração, iguais ao Papalagui, que é capaz de se sentir feliz e contente mesmo quando, ao lado, o seu irmão está triste e infeliz."
"Mas acima de tudo gosta de uma coisa que não se pode agarrar e que no entanto existe: o tempo. Leva-o muito a sério e conta toda a espécie de tolices acerca dele. Embora não possa haver mais tempo do que medeia do nascer ao pôr-do-sol, isso para o Papalagui nunca é o bastante. [...] Como nunca fui capaz de entender isto, julgo que se trata de uma doença grave. «O tempo escapa-se-me por entre os dedos!». «O tempo corre mais veloz do que um cavalo!», «Dá-me um pouco mais de tempo» - tais são os queixumes do homem branco. [...] Pretendem alguns Papalaguis que nunca têm tempo. Correm desvairados de um lado para o outro como se estivessem possuídos pelo aitu e causam terror e desgraça onde quer que cheguem, só porque perderam o seu tempo. Esse estado de frenesim e demência é uma coisa terrível, uma doença que nenhum homem de medicina pode curar, doença que atinge muitos homens e que os leva à desgraça. [...] Reparei, muitas vezes, que eles no meu lugar, se sentiam envergonhados quando, ao perguntarem-me a idade que tinha, eu não era capaz de responder a tal pergunta, que só me dava vontade de rir! «Mas não podes deixar de saber a tua idade!» Eu calava-me, pensando para comigo: mais vale não saber. [...] É por isso que eles passam a vida a correr à velocidade de uma pedra lançada ao ar. A maior parte olha para o chão, quando caminha, e balança muito os braços para ir mais depressa. Quando os detêm, gritam indignados: «Que ideia a tua, de me vires perturbar! Não tenho tempo! E tu, trata de empregar bem o teu!». Tudo se passa como se o que anda depressa tivesse mais valor e bravura do que o que vai devagar. [...] A meu ver, é precisamente por o Papalagui tentar reter o tempo com as mãos, que ele lhe escapa por entre os dedos, como uma serpente por mão molhada. O Papalagui nunca deixa que ele venha ao seu encontro. Corre sempre atrás dele de braços estendidos. [...] O Papalagui não se apercebeu ainda do que o tempo é, não o compreendeu. É por isso que o maltrata, com os seus modos rudes. [...] Devemos curar o Papalagui da sua loucura e desvario, para que ele volte a ter noção do verdadeiro tempo que tem perdido."
"O Papalagui tem uma maneira de pensar particularmente confusa. Está sempre a ver como é que isto ou aquilo lhe poderá ser útil ou dar-lhe certos direitos. Não se preocupa em pensar nos homens em geral, mas apenas num, o qual acaba por ser sempre ele próprio. [...] O Papalagui é obrigado a ter estas leis e estes guardas para os seus inúmeros «meus», a fim de que aqueles que têm poucos ou nenhuns «meus» se não apoderarem deles. De facto, quando uns se apropriam de muitos, os outros ficam sem nenhuns. Porque nem toda a gente conhece as manhas e os sinais secretos precisos para se apropriar de muitos «meus». Para o fazer, há que ser dotado de um certo carácter, o qual nem sempre corresponde à ideia de honra que nós temos. [...] O Papalagui, se reflectisse bem, saberia que aquilo que não estamos aptos a guardar nos não pertence, e que, no fundo, nada há que possamos conservar. Perceberia então que se Deus nos deu o seu vasto reino, foi para que todos nele tivéssemos lugar e aí vivêssemos felizes. E se esse reino era suficientemente grande para poder proporcionar a todos um pequeno lugar ao sol e uma pequena alegria. [...] E no entanto, quantos homens não andam em busca do pequeno lugar que Deus lhe reservou! [...] Mas o Papalagui ignora que Deus nos deu as palmeiras, as bananas, o delicioso taro, as aves da floresta e os peixes do mar para nós todos gozarmos deles e sermos felizes; todos, e não apenas alguns, enquanto os demais se vêem forçados a viver na indigência e na miséria. Se Deus põe assim tantos bens nas mãos do homem, é para que este os partilhe com o seu irmão, quando não, o fruto apodrece-lhe nas mãos. Porque Deus estende as suas inúmeras mãos a todos os homens; não é desejo seu que um tenha muito mais do que o outro, ou que alguém diga: «Eu tenho um lugar ao sol, mas o teu lugar, esse, é à sombra!» Todos temos um lugar ao sol."
"Todos os Papalaguis têm uma profissão. É difícil explicar-vos o que isso é. É qualquer coisa que uma pessoa devia ter vontade de fazer, mas que raramente tem. Ter uma profissão significa fazer sempre a mesma coisa, fazer uma coisa tantas vezes que se acaba por fazê-la em esforço e de olhos fechados! [...] Há, entre os Papalaguis, tantas profissões quantas pedras há na lagoa. O Palalagui faz de cada acto uma profissão. [...] Assim se explica o facto de a maior parte dos Papalaguis apenas saber fazer o que constitui a sua profissão. [...] Este saber-fazer-apenas-uma-coisa é uma grande fraqueza e apresenta grandes perigos; pois qualquer pessoa pode, um dia, ver-se obrigada a atravessar a lagoa de canoa. [...] A profissão é, também ela, um aitu que dá cabo da vida e promete belas coisas ao homem, ao mesmo tempo que lhe suga o sangue. [...] «Se apenas temos o direito de fazer uma só coisa e não podemos participar em todos os trabalhos para os quais é necessária a força do homem, não sentiremos nem metade do prazer, se é que chegamos a sentir algum!» [...] É disso, precisamente, que provém a moléstia mais grave de todas quantas o Papalagui sofre. É agradável ir buscar água à ribeira uma ou várias vezes ao dia; mas quem tiver que ir buscá-la todos os dias e a todas as horas, desde o nascer ao por do sol, até as forças o abandonarem, quem vai e torna a ir, sem descanso, à ribeira, acaba por atirar, de raiva, o cântaro para bem longe, afim de libertar o corpo de tais cadeias. De fato, nada há de mais penoso para o homem do que fazer sempre a mesma coisa. [...] Um ser humano saudável sente-se realmente feliz quando todas as partes do seu corpo vivem em harmonia com seus sentidos, e não quando apenas uma parte de seu corpo vive, e todas as outras estão mortas. Isso perturba, desespera e faz uma pessoa adoecer."
"O amor, ou seja, o proceder como deve ser - tem que correr-nos no corpo como sangue e fazer parte de nós como as mãos e a cabeça. «Cristão», «Deus», «Amor» são palavras onde a sua língua tropeça, com grande estentor. Porém, o seu coração e o seu amor não se prosternam diante de Deus, mas tão somente diante de coisas, diante do metal redondo e do papel forte, diante dos seus voluptuosos pensamentos e diante da máquina; não é de luz que os seu coração está cheio, mas de uma grande avidez de tempo e de uma grande loucura pela profissão. Irá dez vezes ao lugar onde se simula a vida, antes de ir uma só, junto de Deus, que longe, muito longe dele se encontra."
Erich Scheurmann
(Vale a pena reler o livro todo)
O BTT... O desporto do esforço em harmonia com a Natureza
Harmonia com a Natureza numa pedalada contínua e ritmada. O desafio de mais uma subida, de mais um obstáculo e a capacidade de sofrer por prazer e pela luta de nos superarmos a nós mesmos,
... a descoberta de sítios deslumbrantes escondidos por entre serras e vales misteriosos. o descarregar de energias e do stress como quem despeja tudo aquilo que é lixo e está a mais.
E o convívio com grandes amigos cujas histórias e desafio nos unem e ficam...
Amanhã de manhã vou fazer mais uns quilómetros!
Como é bom!
Obrigado Augusto R., Andrade, Nuno G., Pedro F., Vítor L., Luís C., João B., BTT Bikers de Castelo de Vide... http://www.bttbikers.com/
... a descoberta de sítios deslumbrantes escondidos por entre serras e vales misteriosos. o descarregar de energias e do stress como quem despeja tudo aquilo que é lixo e está a mais.
E o convívio com grandes amigos cujas histórias e desafio nos unem e ficam...
Amanhã de manhã vou fazer mais uns quilómetros!
Como é bom!
Obrigado Augusto R., Andrade, Nuno G., Pedro F., Vítor L., Luís C., João B., BTT Bikers de Castelo de Vide... http://www.bttbikers.com/
Subscrever:
Mensagens (Atom)