Família

Não é muito comum escrever sobre a minha família, mas hoje desafiei-me a fazê-lo. Se não o fiz antes de forma objectiva e propositada não foi por achar que não é um assunto importante, mas sim por ser difícil encontrar palavras que exteriorizem o que sinto por eles.
Agora, fisicamente mais distante, sinto o poder, a influência e os ensinamentos dos meus pais. Não sinto que esteja longe, porque falo todos os dias com eles e estão sempre presentes naquilo que digo e que faço, mas sinto saudade... Estão sempre presentes porque posso dizer orgulhosamente que aquilo que sou é resultado da sua educação. A descoberta diária do meu Eu é como a descoberta de uma floresta plantada por eles há alguns anos e que procuro cuidar para que continue a crescer, longe das ervas daninhas, que teimam sempre em aparecer.
Pai, obrigado pela atitude que sempre mostrou e que me fez ser um lutador, honesto, humilde, exigente  e respeitado.
Mãe, obrigado pela forma como demonstrou sempre a sua felicidade na procura da felicidade dos outros e que me fez ser um romântico, um ser carinhoso, dedicado ao outro e tolerante.
Ambos têm sido para mim o pilar principal da minha vida e hoje sinto que só sou feliz porque partilharam comigo e com a Vera tudo de bom e de mau que é a vida - uma aprendizagem única. Mostraram-nos aos dois a importância, a força, a confiança do que é ser uma Família, numa sociedade onde os valores interiores parecem diluir-se numa ganância desmedida do eu, eu, eu...
Desde há algum tempo que sei o significado de partilharmos entre nós todos as decisões, os caminhos, os desgostos e as felicidades, porque somos uma Família e é nessa bolha que encontramos a força para continuar com sentido a nossa vida.
Num sítio diferente, socializando com pessoas que não me conheciam, descubro-me diariamente e sinto cada frase, cada atitude, cada ensinamento, cada olhar vosso a ganhar sentido e a proporcionar-me as razões para continuar a ser a pessoa que sinto que sou, seguindo os valores que me transmitiram.
Obrigado. Tenho muito orgulho em vós.
Um beijo grande para a minha mana.

Nuno Garção

2 comentários:

Vera disse...

Ao ler o teu comentário voltei a sentir que sortuda sou ao ter nascido na nossa familia, é bom recordar tudo o que passámos juntos, tantas vezes que quis desistir de algumas coisas e vocês estiveram sempre lá.

A distância fisica que nos separa, serviu para nos aperceber-mos, melhor ainda, como somos importantes uns para os outros.

Agora como mãe, ao olhar para o Henrique, desejo que um dia ele se possa sentir tão abençoado como eu me sinto.

Vera

Nuno Garção disse...

És a minha mana ;).
Reconheço isso nas tuas palavras...